Categoria: Igreja

150 anos da festa de Santa Águeda

Marcelo Oliveira Nascimento

Como já bastante divulgado, a devoção a Santa Águeda, ou Santa Ágata (variação possível para o mesmo nome), chegou a Pesqueira em fins de 1852. Quando o operoso Frei Caetano de Messina esteve na região na prática de sua vida missionária, instalou-se em Cimbres, onde ficou por mais de 40 dias e, dentre várias ações, cuidou de reunir verba, mão de obra e, também, boa vontade, para restaurar a igreja matriz de Nossa Senhora das Montanhas. Vale lembrar que àquela altura o templo estava em péssimo estado de conservação, situação que se arrastava pelo menos desde 1836. Esse foi um dos motivos inclusive que motivou a perda da sede do termo (o que corresponde hoje a município) para o distrito da paz de Pesqueira, que permanece até hoje como sede municipal. Há mais de um relato sobre o cenário que se encontrava naquela época, um deles fala que a parede sul da nave do templo estava correndo risco de desabar e esse foi um dos motivos pelo qual a matriz foi destelhada para evitar que o teto viesse abaixo por desmoronamento.


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Os cem anos da Diocese de Pesqueira

Marcelo O. do Nascimento

Em 1917, em visita a Pesqueira, Dom Sebastião Leme, então arcebispo de Olinda, trazia a notícia de que a cidade seria sede de uma diocese. Sua excelência foi recebido pela banda do município e pelos atiradores do Tiro de Guerra de Pesqueira e Alagoinha com os festejos e o entusiasmo que a ocasião exigia. Nos dias que passou na cidade, houve muita movimentação pelas ruas até tarde nas noites iluminadas pela maravilhosa luz elétrica, uma refinada e rara tecnologia na época. Continue lendo

Festa de Santa Águeda 1891/1892

Marcelo O. do Nascimento
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O Jornal do Recife, em sua edição de 6 de dezembro de 1891, publicou os noiteiros eleitos para participarem da festa de Santa Águeda daquele ano, a começar no dia 29 de dezembro e a terminar a 6 de janeiro de 1892. Pelo que vemos, a data da comemoração era outra. Nos dias atuais a festa de Santa Águeda termina no seu dia, em 5 de fevereiro.  O dia 6 de janeiro era, no princípio, reservado a N. Sra. Mãe dos Homens. Houve, assim, em algum momento da história essa troca de datas.


A devoção a Santa Águeda foi trazida para Pesqueira em 1852 pelo Frei Caetano de Messina, quando deu início, com suas próprias mãos, à construção da nova igreja matriz de Pesqueira, que deveria substituir a pequena capela de N. Srª. Mãe dos Homens construída por Manuel José de Siqueira, fundador da cidade.

Segue a lista publicada pelo jornal (com grafia atualizada):

Primeira noite, os senhores:
João Luiz de Inojosa.
Manoel Felix de Arantes.
José Vitorino de Oliveira.
Vicente Amado.
João Florentino Cordeiro.

Segunda noite:
As moças solteiras da freguesia.

Terceira noite:
Os moços solteiros da freguesia.

Quarta noite:
Joaquim Cavalcanti de Albuquerque Filho.
Adolfo Bezerra Cavalcanti.
Manoel Porfírio Gomes Coimbra.
Araújo Irmãos [a firma]

Quinta noite:
Antonio Belchior Rodrigues de Abreu.
Dr. Francisco Caraciolo de Freitas.
Capitão Augusto Rodrigues de Freitas Caraciolo.
Dr. Manoel Xavier de Moraes Vasconcelos.

Sexta noite:
Tenente Coronel Honório Tenório de Carvalho Cavalcante. [da fazenda Catolé]
Capitão Carlos Frederico Xavier de Brito. [dono da Fábrica Peixe]
José Bezerra Cavalcante.
Antonio Ventura de Luz Loureiro.

Sétima noite:
José Afonso de Oliveira Melo.
Joaquim Cordeiro Wanderley.
Joaquim do Rego Maciel.
Capitão Isidoro Pereira Torres Galindo.

Oitava noite:
Sinésio & C. [firma]
Sebastião José Bezerra Cavalcante. [depois fundados da Gazeta de Pesqueira]
Coronel Augusto Magalhães da Silva Porto.

Última noite:
José do Rego Maciel.
Frederico de Almeida do Rego Maciel. [que em 1911 doou o relógio ao convento]
Tenente coronel Didier do Rego Maciel. [um dos maiores benfeitores da construção da matriz]
Vigário João Enéas Ferreira Campos.
Barão de Cimbres.

Pesqueira, 5 de fevereiro de 2015. 
Dia de Santa Águeda


Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.

Vídeos de Dom Palmeira em 1996

Em maio de 2012 disponibilizamos um vídeo de Dom Manuel Palmeira, bispo de Pesqueira, celebrando uma missa na Catedral de Santa Águeda em 3 de março de 1996. Esse vídeo foi gentilmente cedido por Braz Araújo, do blog   http://www.tudopb.com, que agora cedeu também a segunda parte do vídeo.

Abaixo seguem os dois vídeos:

PARTE 1

PARTE 2

Nossos agradecimentos a Braz Araújo e ao blog   http://www.tudopb.com.


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Nossa Senhora das Montanhas

Imagem cedida por Pe. Eduardo Valença

Dentre vários assuntos polêmicos a respeito da nossa história está a construção da igreja de Nossa Senhora das Montanhas em Cimbres. Não vou nem entrar na questão da reforma/reconstrução de 18431, não no momento. O que quero falar agora é sobre o início de tudo, da construção original.
Conforme eu mesmo já registrei2, alguns historiadores afirmam que a igreja foi construída originalmente por Lourenço das Neves Caldeira e sua esposa, que apoiaram os padres da congregação de São Felipe Neri nesta obra. No entanto nenhum deles dá data exata da construção.
Altar da Matriz de Cimbres
Sabemos que em 1680 já havia em Monte Alegre (a futura Cimbres) culto a Nossa Senhora das Montanhas, conforme o comentário de José Antônio Gonsalves de Mello no volume 6 dos Anais Pernambucanos de Pereira da Costa, falando sobre as terras de João Fernandes Vieira:
“Que essas “novas terras” deviam abranger a região do Ararobá pode concluir-se pelas extensas propriedades que ele ali possuía já no ano de 1680, onde tinha como seu representante o Capitão Manuel Caldeira Peixoto, conforme documento datado da Aldeia de Nossa Senhora das Montanhas 28 de dezembro de 1680: Tombo dos bens da Congregação do Oratório do Recife fls. 187v-188.”
Temos também um registro do 2o. Cartório de Garanhuns (Livro 11, fls. 80):
“Saibam quantos este público instrumento de carta de alforria virem como no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e vinte e sete anos nesta Capitania do Ararobá no sítio da igreja de Nossa Senhora das Montanhas missão da dita capitania onde eu tabelião fui vindo aí perante mim tabelião…”
A primeira missão fundada pelo Pe. João Duarte do Sacramento em Pernambuco foi a de Limoeiro em 1662, onde com o a poio do governador Brito Freire, que era seu amigo pessoal, construiu a primeira igreja do Agreste3. A igreja da missão de Ararobá foi então construída posteriormente.
Agora a excelente informação do próprio Francisco de Brito Freire, que era também, além de governador, escritor:
“E para habitarem (os indígenas) na vizinha dos nossos, lhes fizemos duas povoações novas, e Igrejas em ambas, com seu modo de governo, nomes e varas de Ouvidores, e de Juízes, entre si mesmos. Porque cometendo algum culpa digna de demonstração para escramentarem os mais, recebam uns, dos outros, o castigo, e só da nossa mão os favores. Batizados, e assistidos do Venerável Padre João Duarte do Sacramento, que pelo imenso fruto de copiosas almas, é assim aclamado do aplauso universal, como Apóstolo do Brasil.”
Esse trecho de História da Guerra Brasílica (de 1675) é uma transcrição feita por Nelson Barbalho (O.b. Cit. p.77-78). As duas povoações citadas são as missões do Limoeiro (hoje a cidade de mesmo nome) e de Ararobá (hoje Cimbres). Brito Freire deixou claro que a construção da igreja de N. S. das Montanhas se deu em sua época. Ora, sabendo que ele foi governador de Pernambuco entre 1662 e 16644, então é muito provável que a igreja primitiva tenha sido construída nessa época! Isso seria a comprovação de um erro em relação ao ano da fundação da missão de Ararobá, que muitos acham (inclusive eu) ter sido em 1669. Em 1665 Brito Freire já não estava mais no Brasil, e sim em Portugal! Essa informação pode render muito ainda, mas ficará para um momento mais oportuno.
Agora sobre a invocação a N. S. das Montanhas.
Primeiramente preciso reconhecer que jamais tinha ouvido falar sobre qualquer lenda referente à invocação da matriz de Cimbres, mas é Pereira da Costa5quem nos conta como segue:
“A construção do templo, e da sua invocação, se prende uma lenda regional, do encontro de uma linda imagem da Virgem, por uma índia, e que levando-a para sua casa, desaparecera, sendo depois encontrada no mesmo local; e que repetido o fato, foi resolvida a construção de uma capela no próprio sítio, o que foi feito, e colocada a imagem no seu altar, assim ficou e se conserva até hoje, vindo daí a sua invocação de N. S. das Montanhas.”
Não sabemos se a imagem do orago da matriz de Cimbres é ainda a original, mas é bastante diferente das de Santa Águeda e N. S. Mães dos Homens, de Pesqueira. Estas são grandes e imponentes, ambas do século XIX. A de Cimbres é simples, delicada e tão pequenina que quase desparece no topo do altar, mas, maior é que qualquer outra quando o assunto é história e tradição.
Marcelo O. N.
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FONTES:
1 COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais Pernambucanos – Volume 6: . 2.ed. Recife: Fundarpe, 1984. p. 239.
2Pesqueira Histórica – Volume 1. Clube de Autores, 2012.
3BARBALHO, Nelson. Cronologia Pernambucana – Volume 5. FIAM/CEHM. Recife: 1982, p. 77.
4ANTUNES, Cristina. http://www.brasiliana.usp.br/node/354 , acesso em 25/08/2012.
5Ob. cit. p. 239.

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Sobre a Data da Capela de N. Sra. Mãe dos Homens

Nas pesquisas sobre a data da construção da capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens, encontramos duas informações conflitantes: 1802 e 1822. Eu, particularmente, sempre achei que o correto fosse a data mais antiga, conforme já registrei aqui mesmo no site (ler aqui) e no meu primeiro livro (1), no entanto, depois da releitura de algumas fontes e o encontro com novos registros me deixaram numa grande dúvida.
A fonte principal que me levava a ter como certo o ano de 1802 é o registro de Zeferino Galvão na sua monografia Pesqueira em 1920 (2), pois ele, além do grande conhecimento que tinha (sobre diversas áreas, e não só sobre Pesqueira), deve ter conhecido bem a primitiva capela. Esse é o registro mais antigo que encontro tratando da data da construção. O Livro do Tombo da Paróquia de Santa Águeda, que funcionou até 1888 na capela, registra o fato do seu funcionamento provisório, mas não fala nada sobre a época da construção:
Até o ano de 1889, nesta cidade de Pesqueira, ainda não havia uma igreja nas condições de ser matriz da freguesia, apenas tínhamos uma capelinha de antigos fazendeiros da localidade que, por suas acanhadas proporções, não acomodava mais de duzentas pessoas.
É importante lembrar ainda que Zeferino Galvão nasceu em 1864 e chegou a Pesqueira ainda na infância, por volta de 1868/69 (3) . Logo, quando a capela foi reformada em 1920, tinha ele 56 anos de idade. Em resumo, teve tempo suficiente para bem conhecer a construção.
O ponto no qual quero chegar é a existência de uma gravação em baixo relevo na soleira do templo: “1822”, conforme nos conta o Pe. Frederico Maciel (4). Creio que Zeferino sabia da existência da inscrição citada, então por que afirmou que a construção ocorreu em 1802? Há duas respostas possíveis para esta indagação:
  1. Zeferino conhecia algo mais, tinha mais informações que lhe davam a certeza de que o “1822” gravado na capela dizia respeito a outro fato ocorrido e não à sua construção;
  2. Ocorreu um erro tipográfico quando da impressão da Antologia. Zeferino pode ter tido a intenção de escrever “1822” e a tipografia imprimiu “1802”. Mas vale dizer que na edição há uma errata que não cita o possível erro!
Já Pereira da Costa diz que o patrimônio da capela foi instituído em 1822 (5), sendo esse um forte indicativo de que é esse o ano correto da sua fundação. Se a data correta for 1802, a capela deve ter ficado sem funcionar por 20 anos, já que a Diocese de Olinda não autorizaria seu funcionamento sem patrimônio.
Por último gostaria de lembrar que nem sempre as datas gravadas nos antigos prédios dizem respeito à suas construções, mas também às reformas neles executadas. Podemos observar esse fato em Pesqueira nos seguintes exemplos: Fábrica Rosa (reforma em 1910, gravação na fachada. A construção é de 1906), Talho Municipal (construção em 1924, gravação na fachada), Fazenda Gravatá (reforma em 1905, gravações nos oitões. A construção é de 1818). A própria capela tem hoje uma gravação no piso: “1932”, que evidentemente não corresponde à construção nem a reforma de 1920. Esta nova data deve indicar uma outra reforma ocorrida naquele ano.
Acredito que seria uma boa ideia recolocar a inscrição original de 1822, adicionar “1920” (a reforma de Dom José Lopes) e manter o “1932” atual. Há uma igreja num dos engenhos de Moreno que mantém duas datas: a da construção em 1840 e a da reforma em 1990.
Evidentemente o assunto não está encerrado, ainda temos outras fontes não exploradas adequadamente. Seja como for, estou escrevendo um livro especialmente sobre a fazenda Poço da Pesqueira, no qual terei espaço para explorar esse e outros assuntos com a profundidade devida.
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FONTES:

1 NASCIMENTO, Oliveira do. Pesqueira Histórica – Vol. 1. Ed. Do Autor. Pesqueira, 2102
2 GALVÃO, Zeferino. Antologia. Governo de PE. Pesqueira, 1924. p.91.
3 WILSON, Luis. Anísio Galvão – E outras notas para a história de Pesqueira. Camâra de Vereadores. Pesqueira, 1986. p.24.
4 MACIEL, Frederico Bezerra. Ubassagas. Ed. Universitária da UFPE. Recife, 1982. p.300.
5 COSTA, Pereira da. Anais Pernambucanos – Vol. 10. FUNDARPE. Recife, 1985. p.82.


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Imagens de Dom Palmeira em 1996

O administrador do site  http://www.tudopb.com/, Braz Araújo, disponibilizou raras imagens em vídeo do saudoso bispo de Pesqueira Dom Manoel Palmeira. Trata-se de uma missa realizada na Catedral de Santa Águeda em 3 de março de 1996. O vídeo segue abaixo:

Na época Dom Palmeira era bispo emérito da Diocese, quando Dom Dino Marchió já era o titular.

Nossos agradecimentos ao site tudopb.com por ter nos dado acesso a tão raro arquivo. Não conhecemos outras imagens em vídeo de Dom Palmeira.

Por Oliveira do Nascimento.

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O Convento de Pesqueira

Marcelo O. do Nascimento

Entre outubro 1901 e abril 1902, Dom Luiz Raimundo da Silva Britto, bispo de Olinda, a única diocese de Pernambuco na época (a diocese de Floresta só apareceria em 1910), percorreu o interior do Estado em visita pastoral. Acompanhado por 4 religiosos franciscanos, cedidos pelo padre provincial da Bahia, Frei Hipólito Zurek, visitou nada menos que 40 freguesias.

Inauguração da gruta em 1925
Foto: autor desconhecido (Álbum de Pesqueira, 1923-1925)
Dom Luiz, querendo deixar registrada sua gratidão ao povo, pediu a Frei Hipólito Zurek que fundasse no sertão um novo convento. Dentre todos os lugares conhecidos, a dúvida recaiu sobre Pesqueira e Triunfo. No entanto, pelo entusiamo, bom acolhimento aos religiosos e disposição do seu povo, Pesqueira fora o lugar escolhido. Rapidamente a quantia de 12:000$000 foi levantada e a 1 de agosto de 1902, Dom Luiz sentou a pedra fundamental da obra.

Em 2 de fevereiro de 1905, Dom Luiz de Brito, agora na companhia de Frei Hipólito, benzeu solenemente o convento, que teve como primeiro superior Frei Adalberto, auxiliado por Frei Roberto e Frei Bernardino. Quando inaugurado, contava apenas com o claustro e as dependências inerentes à vida dos frades, mas, evidentemente, uma igreja era fundamental e necessária. Assim, um ano depois, em 1906, deu-se início à construção do templo. O auxílio da população foi tão grande para essa nova obra que em 8 de dezembro do mesmo ano a torre já estava erguida. Em 24 de maio de 1908, em sua última visita a Pesqueira, enfim Dom Luiz inaugura a igreja.

O relógio da torre foi instalado mais tarde, em 1911, doação de Frederico Alves do Rego Maciel (1), um grande benfeitor pesqueirense. Naquela época a igreja de Santa Águeda já existia, funcionava desde 1889, mas suas torres não tinham relógios, que só foram instalados nos anos 50. A capelinha de Nossa Senhora Mãe dos Homens ainda não tinha torre e nunca teve relógio. Assim, por mais de 40 anos, o relógio do convento foi o único relógio público de Pesqueira.
Inauguração da igreja do convento em 1908
Foto: autor desconhecido (cedida por Pe. Eduardo Valenca)
Outra característica marcante do convento é a gruta que fica em frente a igreja, dividindo a escadaria. Ela foi inaugurada em 31 de maio de 1925, obra de Frei Bonifácio, completando definitivamente o conjunto arquitetônico de estilo alemão.
O presente de Dom Luís e Frei Hipólito, faz parte da paisagem de Pesqueira há mais de 100 anos, tendo chegado à cidade antes mesmo da diocese. Durante esse tempo tem sido marcante para a cidade, pela assistência religiosa e pela caridade. Sede da paróquia de Nossa Senhora da Conceição desde 1960, cativa pessoas de todos os lugares.
É pena os 100 anos do convento ter passado em branco. Em 2005 devíamos ter prestado as homenagens merecidas a seus fundadores, devíamos ter fixado uma marca em algum lugar visível ao público (2). A ação devia ter partido do poder público e da comunidade, mas ficamos todos em silêncio.

Fontes:
  1. PACHÊCO, Felipe Condurú. D. Luís de Britto – O primeiro arcebispo de Olinda. Departamento de Imprensa Nacional. 1957.
  2. Álbum de Pesqueira, 1923-1925. Administração do Major Cândido de Britto.
  3. WILSON, Luís. Ararobá, Lendária e Eterna. Pesqueira: Prefeitura Municipal. 1980.




NOTAS:

  1. Matéria atualizada em 01/05/2012: a doação do relógio não foi feita pela Comendador José Didier, como constava antes no texto. Este foi um dos mais religiosos homens que Pesqueira já viu;
  2. Matéria atualizada em 14/03/12: o convento completou 100 anos em 2005 e não em 2002, como constava antes no texto.
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O Primeiro Bispo da Diocese de Pesqueira

A maioria das pessoas, talvez todas, tem Dom José Lopes como o primeiro bispo de Pesqueira. No entanto a história oficial é diferente.
Em 5 de dezembro de 1910, a Igreja de Roma criou a Diocese de Floresta, a primeira do Sertão pernambucano, desmembrada da então Diocese de Olinda, que na mesma data foi elevada a Arquidiocese. Em 12 de maio do ano seguinte, a nova e imensa diocese conheceria o seu primeiro bispo, Dom Augusto Álvaro da Silva, um recifense nascido em 8 de abril de 1876 e ordenado sacerdote em 1899. Sendo esta a mesma sede episcopal que depois, em 1918, seria transferida para Pesqueira, temos Dom Augusto oficialmente como seu primeiro bispo e Dom José Lopes, nomeado em 1915, como o segundo titular, embora este consagrado popularmente na cidade como o primeiro.

 

Dom Augusto Álvaro Cardeal da Silva
Luís Wilson nos conta (Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos. Recife: FIAM. 1978) que Dom Augusto era um homem culto e inteligente, poeta e jornalista. Ele chegou até a publicar alguns livros sob o pseudônimo de Carlos Neto. Sua nomeação para bispo da nova Diocese saiu em 20 de dezembro de 1910  e sua sagração ocorreu em 22 de outubro de 1911 na matriz de São José, em Recife, por  Dom Luiz de Brito (tendo como auxiliares Dom Joaquim de Almeida e Dom Francisco, bispos de Natal e do Maranhão, respectivamente).
Também Luis Wilson, citando Álvaro Ferraz (autor de Floresta, Memórias de duma Cidade Sertaneja no seu Cinqüentenário), nos conta também que no dia 16 de novembro de 1911 partiu uma comitiva de Floresta. O grupo era formado por Antônio Serafim de Sousa Ferraz (conhecido como Antônio Boiadeiro), Antônio Ferraz de Sousa e João Barbosa de Sá Gominho, sertanejos acostumados a cavalgar por aqueles caminhos inóspitos. A missão era conduzir o bispo de Mimoso (em Pesqueira), fim da linha da Great Western, até sua nova residência. Sem o apoio do grupo, que conhecia muito bem o caminho e suas pousadas, a viagem seria mais demorada e mais perigosa.
A comitiva deixa Mimoso em 23 de novembro e alcança o último pouso na tarde do dia 28, a fazenda Água-Pé, às margens do Riacho do Navio. Essa parte da história Luiz Wilson ouviu do sertanejo Fortunato de Sá Gominho, conforme consta em sua obra já citada.
O grupo finalmente alcançou seu destino na manhã do dia seguinte. Era então entre 8 e 9 horas da manhã do dia 29 de novembro de 1911. O bispo entrou na cidade acompanhado de mais de 300 cavaleiros e foi recebido pela população com uma grande festa, fogos e a banda municipal, que executava o Hino Pontifício. Na igreja matriz a recepção foi a cargo do vigário José Ribeiro e do vigário de Belém de São Francisco, o padre Phalemppim.
Dom Augusto alavancou o desenvolvimento educacional e cultural de Floresta fundando um colégio, um jornal (o Alto Sertão) e um seminário. No entanto, em 08 de setembro de 1915, ele deixou sua primeira Diocese para dirigir a Diocese de Barra, na Bahia. Em 1924 torna-se arcebispo daquele Estado e ganha destaque no País inteiro ao organizar o primeiro Congresso Eucarístico Nacional e ao se tornar presidente da Comissão dos Congressos Eucarísticos Brasileiros.
Em 11 de janeiro de 1953, Dom Augusto é nomeado cardeal pelo Vaticano, depois de somar uma grande obra  humana e religiosa. Falecido em 1968, foi sepultado com suas vestes de bispo, conforme sua vontade.
Há muito mais a se falar sobre o grande Dom Augusto Cardeal Silva, no entanto a nossa intenção é tratar o assunto de forma sucinta. Assim, depois dessa introdução, vamos à parte que corresponde à história de Pesqueira.
Com a saída de Dom Augusto da Diocese de Floresta, lá ficou como administrador apostólico o padre Frederico de Oliveira, que era vigário de Tacaratu. Ainda naquele ano de 1915, em 21 de novembro, toma posse o novo bispo: Dom José Antônio de Oliveira Lopes, natural de Recife e nascido em 11 de abril de 1868.
Em 1918, no entanto, a cidade de Floresta sofre um duro golpe. O Papa Bento XV, pela bula ARCHIDIOCESIS OLINDENSIS ET RECIFENSIS, de 02 de agosto de 1918, transfere a Diocese de Floresta para Pesqueira. Esse é um ponto no qual muita gente ainda tem dúvida. O fato é que a Diocese de Pesqueira não foi criada em 1918 e sim em 1910 e Dom José Lopes não é bispo desde 1919 e sim desde 1915. A bula papal mudou o endereço da antiga diocese e o seu nome e na verdade não criou uma nova. Naturalmente Dom José Lopes já era o bispo titular, então se mudou para Pesqueira no ano seguinte.
 
O ótimo site Catholic Hierarchy (disponível em http://www.catholic-hierarchy.org) consegue mostrar bem esse processo:
Data
Evento
De
Para
05/12/1910
Instituída
Diocese de Olinda
Diocese de Floresta (instituída)
02/08/1918
Nome mudado
Diocese de Floresta
Diocese de Pesqueira
30/11/1923
Perda de território
Diocese de Pesqueira
Diocese de Petrolina (instituída)
02/07/1956
Perda de território
Diocese de Pesqueira
Diocese de Afogados da Ingazeira (instituída)
15/02/1964
Perda de território
Diocese de Pesqueira
Diocese de Floresta (instituída)
A tradução desta tabela é nossa. E nela pode ser constatado que a antiga diocese de Floresta e a atual Diocese de Pesqueira são técnica e oficialmente a mesma. Vemos ainda a novas dioceses criadas a partir de Pesqueira, inclusive a nova Diocese de Floresta, que não é a mesma de 1910.
 
As informações seguintes, também do site Catholic Hierarchy e mais uma vez de tradução nossa, mostram o histórico dos bispos da diocese em questão:
BISPOS VIVOS:
Bernardino Marchió (Bispo Coadjutor: 27 Mar 1991; Bispo: 26 May 1993 6 Nov 2002) 
BISPOS FALECIDOS:
Adalberto Accioli Sobral † (Bispo: 13 Jan 1934 a 18 Jan 1947)
Severino Mariano de Aguiar † (Bispo: 3 Dec 1956 a 14 Mar 1980)
Adelmo Cavalcante Machado † (Bispo: 3 Apr 1948 a 24 Jun 1955)
Augusto Álvaro da Silva † (Bispo: 12 May 1911 a 25 Jun 1915)
José Antônio de Oliveira Lopes † (Bispo: 26 Jun 1915 a 24 Nov 1932)
Manuel Palmeira da Rocha † (Bispo: 14 Mar 1980 a 26 Mai 1993)
         Com as informações do Catholic Hierarchy apenas confirmamos o que já tínhamos falado.
 
        A mesma bula Criou também as dioceses de Nazaré e Garanhuns. Bento XV, com aquela publicação, fez a Igreja de Pernambuco dar um enorme passo.


         Por Oliveira do Nascimento.

        Acréscimos e correções feitos em 16.04.2018.
         Fontes:
          WILSON, Luís. Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos. Recife: FIAM. 1978


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A Velha Igreja de Cimbres: Adendo

Uma leitura mais atenta ao termo da instalação da Vila Real de Cimbres nos permite acrescentar algo à matéria postada sobre a igreja de Nossa Senhora das Montanhas. E com o apoio da obra do historiador Nelson Barbalho, podemos reforçar ainda mais a existência da construção em época remota já como matriz da freguesia.
Foto: Renata Echeverria

No volume 5 de sua Cronologia Pernambucana (FIAM, 1982), Nelson Barbalho faz crítica às afirmações do escritor Alfredo Leite Cavalcanti quanto ao título da primeira freguesia do sertão que, segundo o grande historiador de Garanhuns, teria sido a Freguesia de Santo Antônio, que data de 1700. Ainda segundo Cavalcanti, a criação da Freguesia de Nossa Senhora das montanhas teria sido “em conjunto com a do município de Cimbres, em 1762”. Essa afirmação está contida em História de Garanhuns. No entanto, Barbalho, especialista em história pernambucana, afirma: 

“Apesar de de Alfredo Leite Cavalcanti haver garantido “não haver existido em Cimbres nenhuma freguesia antes do ano de 1761”, renomados  historiadores pernambucanos  dizem o contrário e afirmam que a Freguesia de Nossa Senhora das Montanhas surgiu exatamente  na povoação de MONTE ALEGRE e no ano de 1692.”

Nelson Barbalho apoia-se ainda no Livro da Criação da Vila de Cimbres, que naquela época ainda não tinha sido publicado, por isso examinou o original do valioso documento do Século XVIII, “que não foi pesquisado nem visto pelo saudoso historiador Alfredo Leite Cavalcanti”:

“… em PESQUEIRA, ainda existe o Livro da Criação da Vila de Cimbres, às fls. tantas do qual vem o manuscrito original  da criação da vila cimbrense, datado de 4 de abril de 1762, em cujo texto não há a mínima referência à criação, naquela data, da freguesia de Nossa Senhora das Montanhas, que, àquela altura dos acontecimentos,  já era velha de setenta anos, enquanto a propalada freguesia de Garanhuns, nas mesma data, ainda estaria para nascer.”

Grifo de Nelson Barbalho.

Já no volume 8 da Cronologia Pernambucana (FIAM, 1983), e ainda corrigindo as informações de Alfredo Leite Cavalcanti, o autor diz:

“Não houve criação conjunta da freguesia de Nossa Senhora das Montanhas e da vila de Cimbres. Esta foi criada em 1762, aquela, em 1692. A referida Ata (da criação da Vila de Cimbres) é clara quando registra: “Enquanto à igreja não de presente que promover e se acha uma competente Matriz desta Vila””.
Nelson Barbalho tece ainda sua interpretação: “Dr. Gouveia Alvares já econtrou em MONTE ALEGRE uma sólida igreja-matriz, em pleno funcionamento e sem lhe apresentar problema algum a promover.”
Sobre a autoria da construção, encontramos na mesma obra: 
“… possuindo igreja-matriz erguida por iniciativa  dos padres oratorianos com ajuda de moradores das redondezas, principalmente membros da família NEVES CALDEIRA TORRES GALINDO.”
Grifo de Nelson Barbalho.

As críticas de Barbalho a Alfredo Leite Cavalcanti são justas. Ele fez afirmações equivocadas, carentes de provas, talvez por desconhecer ou não ter examinado em sua época a importante Ata constante no Livro da Criação da Vila de Cimbres, lamentavelmente. No entanto, isso não diminui em nada o brilho do maior historiador de Garanhuns, um homem de grande talento e perseverança, que lutou arduamente por sua cidade e pela preservação de sua história, obra que pode ser comprovada pelo seu História de Garanhuns (CEHM/FIAM, 1997 [2ª edição]).
As divergências entre as informações dos dois grandes historiadores merece um estudo mais aprofundado, o que será feito em momento oportuno. Garanhuns e Cimbres/Pesqueira têm histórias, de certa forma, interligadas no que diz respeito à Capitania de Ararobá.
Para finalizar, fico com a afirmação final de Nelson Barbalho sobre o assunto: Enquanto não forem apresentados elementos que provem o contrário, a Freguesia de Nossa Senhora das Montanhas, com sua velha igreja construída na então Monte Alegre, foi a primeira a aparecer no sertão de Pernambuco.
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