Os 90 anos do Grupo Escolar Rui Barbosa
Marcelo O. do Nascimento
O grupo escolar nasceu como Virgínia Loreto em 21 de junho de 1925, no prédio que ainda hoje existe na rua Anísio Galvão, onde depois funcionou a Prefeitura Municipal e o Colégio Comercial. O brasão do Estado, que ainda enfeita sua fachada é a marca de quem o construiu: o governo de Pernambuco, com orçamento aprovado em 1924. Seu nome foi uma homenagem à primeira-dama da época, esposa do governador Sérgio Loreto, o governante que tanto fez por Pesqueira na década de 1920. Todavia, poucos anos depois, em novembro de 1930, o grupo seria rebatizado com o nome do grande intelectual baiano Rui Barbosa, possivelmente por questões políticas. O fato é que o novo nome consagraria a instituição e a deixaria marcada em definitivo na história pesqueirense. Essa marca ficou impressa de forma tão contundente que ainda hoje é o seu nome mais popular entre a população com mais de 40 anos de idade.
Em 1945 veio a primeira grande mudança, o grupo escolar instala-se num novo prédio, bem maior do que o original e localizado ao lado do Colégio Santa Doroteia. Era a resposta para o crescimento de uma instituição que não cabia mais dentro das pequenas paredes às quais fora destinado inicialmente. Àquela altura sua diretora era dona Stela Falcão, uma das lendárias educadoras a ocupar o cargo. Era a terceira nesta linha de tradição de mulheres fortes e pioneiras, depois de dona Celina Ventura e dona Margarida Falcão.
Em 1957, já consagrada como professora, assume a direção do grupo dona Nair Falcão de Carvalho, que em sua autobiografia diz-se voar como o pássaro e, ao mesmo tempo, ter raízes fortes como as da árvore de seu sobrenome. Certamente ela é a diretora mais lembrada pelos alunos e pela população pesqueirense em geral e, sem dúvida, é um ícone absoluto da educação local. Foi sob sua regência que o grupo escolar tornou-se escola de primeiro grau em 1974, um grande avanço para quem já era referência no ensino primário.
Em 1980, já sob a direção do padre Fausto Ferraz, o Rui Barbosa torna-se o Centro de Educação Rural José de Almeida Maciel, num projeto do governo do Estado para o ensino na zona rural, o que tornou-se em pouco tempo um modelo fracassado. Tratar as cidades do interior, que, embora tivessem certa afinidade com as coisas do campo, como se na zona rural fossem encravadas, foi um erro tão grande que não durou nem 20 anos, tendo sido, na prática, um projeto muitos anos antes abandonado. A prova foram os poucos anos nos quais a série de “cartilhas rurais” Terra da Gente foi adotada.
Durante a fase do CERU foram diretores, além do padre Fausto, dona Lourdes Lins, dona Lucilda Aguiar, Ricardo Jatobá, Zenilda Siqueira e Fernando Araújo, encerrando aquele período em 1997, quando a escola passou a ser apenas Escola José de Almeida Maciel. Em 2009 uma nova mudança, quando a unidade escolar torna-se o EREMJAM, uma escola de referência em ensino médio.
Neste 21 de junho de 2015, completaram-se 90 anos do Virgínia Loreto, do Rui Barbosa, do CERU, do EJAM, do EREMJAM… o nome não importa; quem é grande, quem tem história, jamais será esquecido. Por isso, agora é publicado um livro que reúne notas de jornais antigos, trechos de portarias, algumas memórias e fotografias. Enfim, é um pouco do que ainda pode ser feito pelo resgate da história de uma das instituições mais antigas de Pesqueira, falta pouco para o seu aniversário de 100 anos e não faltam motivos para comemorações.
Eu, como ex-aluno do CERU, preciso confessar que a obra é mais como uma declaração de amor do que um trabalho de pesquisa, embora tenha tentado assim fazê-lo, para que o público em geral possa aproveitá-lo.
Ai está o livro, que chamei de “O Grupo Escolar Ruy Barbosa: de Virgínia Loreto a José de Almeida Maciel”, é minha homenagem à escola e minha esperança de que outros continuem essa busca pelo seu passado, divulgando-o e contribuindo para que sua história nunca seja esquecida.
Pelo e-mail contato@pesqueirahistorica.com
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<hr ‘style: color blue’ />Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.
Natural de São Bento do Una, tive a subida honra de estudar no G. E. Ruy Barbosa nos anos de 1950 e 1951, cursando a segunda e terceira séries do antigo curso primário. Foi uma época inesquecível. A merenda escolar constava de salada de frutas e a excelente diretora Stella Falcão Bezerra Cavalcanti fazia questão de supervisionar o preparação do gostosa acepipe. Havia uma pequena horta. Tempos depois, servia-se um leite em pó vindo dos Estads Unidos, sob a tutela de um programa de assistência aos vizinhos chamado Ponto IV. Eu filho de criador de gado bovino não apreciei esse tal leite norte-americano. Era como se fosse um purgante de tão ruim gosto. Apenas um copo tomei para nunca mais. Lembro-me da professora Luiza, natural de Alagoinha, muito severa. Havia aulas aos sábados que era para a “sabatina”.
Caro sr. Orlando, excelente relato! Muito obrigado por sua contribuição. Nos 100 anos da escola (em 2025), pretendo lançar uma segunda edição do livro acrescentando novas informações. Um relato como o seu dão um colorido diferente à nossa visão sobre o passado.
Apesar dos erros do ‘corretor’, deu para entender.
Fui aluna em 1970-71.
Que saudades desse tempo!!!
Participei com uma leitura na inauguração da reforma da escola em 1970, a qual, foi publicada no “Diário de Pernambuco”.
A diretora era Nair Falcão. Estudei com Adelaide ( a melhor professora que já tive), a qual, me inspirou na escolha profissional. Fiz pedagogia e me aposentei como professora da educação infantil da PMSP.