A Casa Grande da Fazenda Gravatá | Por Marciana Nascimento
A fazenda Gravatá fica localizada a aproximadamente 4 quilômetros do centro da cidade de Pesqueira e foi fundada em 1818 pelo sargento-mor Antônio Cavalcanti de Albuquerque Melo em terras encravadas na propriedade da fazenda Poço Pesqueiro, pertencente a seu tio Manuel José de Siqueira, capitão-mor fundador da cidade. A casa grande (Figura 1), cuja fachada dizem possuir 75 metros de extensão, conta com vários cômodos (todos amplos), incluindo três salas, oito quartos, copa e cozinha e uma capela interna. Na propriedade havia ainda uma cisterna imensa, um engenho de rapadura, uma bolandeira utilizada para descaroçar algodão e um açude (1).
Figura 1 Foto: Nascimento, 2011 |
Alguns anos depois a propriedade da fazenda passou para o comendador Antônio de Siqueira Cavalcanti, que era da mesma família, até que em 1874 a mesma foi vendida ao major Cândido Xavier Pereira de Brito, o caridoso Barão de Cimbres. Seu Candinho, como era conhecido, era um homem de atitudes honestas e religioso. Dizem que nunca maltratou, ou deixou maltratar, qualquer dos seus escravos. O que pode ser considerada uma prova da sua convivência tranqüila com os escravos é o fato de ter mandado construir uma nova senzala ao lado da casa grande, para que os escravos ficassem perto da residência. Diz-se que o Barão, assistia com satisfação os festejos no pátio da casa, organizados todos os anos pelos escravos que celebravam a devoção a Nossa Senhora, rezando a novena e fazendo grande festa no último dia do mês de maio. Esta celebração era compartilhada inclusive por muitos vizinhos moradores das redondezas atraídos pelos festejos (1).
A casa encontra-se atualmente bem conservada, inclusive a senzala ao lado, que contém poucas avarias (Figura 2). Diz-se que até as portas e janelas são ainda as originais.
Figura 2 Foto: Nascimento, 2011 |
Depois da morte do barão, em 1894, a fazenda passou, por herança a seu sobrinho José de Sá Pereira, que era conhecido por Juca. Logo em seguida a propriedade foi vendida ao cel. Antônio Cordeiro da Fonseca e, após sua morte, nos anos 20 do século passado, passou por compra para a propriedade de Praxedes Didier, estando em posse da família até os dias de hoje.
Por que deve ser restaurada e tombada
A Casa da Fazenda se encontra em bom estado de conservação, porém há sinais superficiais de deterioração em alguns pontos da edificação. É necessário se considerar a restauração e o tombamento da Casa Grande da Fazenda Gravatá porque seu valor histórico é incontestável, sendo uma das últimas construções da região, se não a última, que preserva ainda esta estrutura típica de fazendas do século XIX, mantendo inclusive ainda a existência da senzala.
Teoria da Restauração de Camillo Boito
Para restaurar o referido patrimônio, poderia ser aplicada a teoria da restauração de Camillo Boito, que consistia em preservar prioritariamente o valor histórico do edifício. Para o teórico, o restauro era considerado uma opção a ser evitada, pois ele defendia que a preservação da edificação deveria ser mantida ao longo do tempo, evitando assim que esta viesse às ruínas. A restauração era vista por ele como um ato de intervenção que somente seria usado quando extremamente necessário, após os procedimentos que garantissem a manutenção do monumento histórico. No caso de ser necessária, Boito defendia que deveriam ser preservadas e evidenciadas as características da obra original, de modo que ficasse em evidência a intervenção, para que se distinguisse claramente a obra antiga e o restauro, já que o teórico priorizava o valor documental das construções.
Marciana Nascimento.
Referências Bibliográficas:
(1) WILSON,Luís. Ararobá,Lendária eEterna. Pesqueira:Prefeitura Municipal.1980.
Matéria adaptada do trabalho acadêmico “Bens Patrimoniais da cidade de Pesqueira” do componente curricular Preservação do Patrimônio Cultural (PPC) ministrada pela Professora Formadora Viviane Castro e pela Tutora Martha Queiroz do curso superior de Tecnologia em Gestão Ambiental- IFPE ( fevereiro/2012).
Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.
Marciana você esta de parabêns em divulgar a historia da casa grande da fazenda de Gravata, é de fundamental importância que alguém em especial você divulgue este preciosissimo conteudo. A matéria ficou perfeita, continue sua pesquisa junto a todos aqueles que valorizam as nossas origéns, um forte abraço, sucesso que DEUS e NOSSA SENHORA DAS MONTANHAS te abençõe.
“Quem esquece as suas origens, esquece seu verdadeiro ser”.
Parabéns por este trabalho tão grandioso que nos faz sentir ainda mais orgulho de sermos pesqueirense. Como é bom ler sobre a história de nossa terra, saber sobre os casarios, o que se passou e a qual época tudo aconteceu.
Através de trabalhos como este podemos conhecer nossas origens, desta forma saberemos quem somos e podemos até melhorar o presente para que no futuro as pessoas possam se orgulhar ainda mais de suas origens.
Parabéns a todos que fazem este site e que Deus os abençoe!
Muito oportuna e interessante a matéria sobre a casa grande da fazenda gravatá, onde na minha infânciqa fizemos muitas visitas à fazenda, me lembro bem da enorme sisterna se daxa em si. Isso tudo me faz retornar aos dias de infância onde fazíamos estes passeios fossem de carro ou de bicicleta, e mesmo vem o artigo, servir de alerta para a necessidadade de preservação de outros bens culturais de PESQUEIRA, Como a Fazenda Tambores, muito famosísssima, para que não aconteça como alguns prédios de Pesqueira que, vítimas de administradorees culturalmente desqualificados, passaram a marreta e as picaretas sobre prédios e fachadas de précios tão siginificativas par a história de nossa Pesqueira!
Marcilio, obrigado pela visita e pelo comentário.
Pretendo fazer uma visita à fazenda Tambores em breve, enquanto ela está de pé. Está na minha lista de atividades escrever um livro sobre esses velhos lugares (fazenda Tambores, Gravatá, Bálsamo, Quatro Cantos, etc.). Já visitei algumas dessas fazendas para colher dados e registrar em fotografia enquanto elas ainda existem. Tenho muito medo do futuro, creio, que o destino dessas construções é a desfiguração ou a destruição, como você bem falou das casas de Pesqueira.
Marcelo,
Agradeço por estas apresentando o outro lado da cidade que nao conhecia.
Gostaria que as nossas edificações que fazem parte da história de nossa cidade fossem TOMBADAS COMO PATRIMONIO HOSTORICO DO MUNICIPIO, sendo desta forma preservado as caracteristicas originais da edificação.
Obrigado, Marcelo Oliveira
Ótima matéria. Parabéns Marcia pela pesquisa desenvolvida e parabéns ao amigo Marcelo por sempre compartilhar conosco.
Raniery, eu que agradeço por seu apoio e interesse. Parabéns pelo trabalho que você faz.
Abraços.
Marcelo O. do Nascimento.
Reliquia…..do passado……..Deveria e deve ser proclamado patrimonio publico…Gostaria muito de visitar esta Casa…Estou indo para o Brazil em setembro…..Parabens pela Bella’s fotos e pela belissima reportagem a respeito da pripriedade e das familias privilegiadas por viver e ser parte da historia de pesqueira…..Atualmento moro nos Estados Unidos.
Muito obrigado por seu comentário. Em breve pretendo fazer um vídeo no canal (no YouTube) contando um pouco da história da casa. Realmente ela é um excelente exemplar de casa-grande remanescente dos anos de 1800. Creio que seja o melhor exemplar da região.